
01 nov Conheça os quadrinhos do personagem “Organizado, o arquivista”
Em comemoração ao Dia do Arquivista (20 de outubro), conversamos com Décio Schwelm Vidal, arquivista e criador do personagem Organizado. Nas tiras, Organizado enfrenta situações cotidianas aos profissionais de arquivologia e também dá dicas sobre gestão documental. Confira a entrevista e algumas tiras:
Quando o “Organizado, o Arquivista” nasceu e quais os objetivos desse projeto?
Os personagens das tiras do “Organizado, o arquivista” nasceram em 2014, ao constatar que problemas enfrentados pelos profissionais arquivistas, independente da região geográfica, são bastante parecidos. Além do papel de mediadores entre os que defendem a ideia de guardar tudo e os que pensam em descartar a totalidade dos documentos arquivísticos, os bacharéis em arquivologia lutam por reconhecimento e pela formação do Conselho Federal da categoria, uma vez que a população em geral desconhece sequer a existência desses profissionais de ensino superior.
A partir da constatação acima, percebi a necessidade de ajudar na construção de uma ponte entre arquivista e empregadores, melhorando consequentemente a visibilidade junto ao mercado de trabalho. Esse é o maior objetivo do projeto das tiras. Buscando uma linguagem simples, bem humorada, direta, rápida, fugindo do modelo acadêmico tradicional, visando atingir também a população leiga no assunto, apresentando e esclarecendo conceitos, além de tentar eliminar dúvidas sobre a atuação do profissional em seu cotidiano e aspectos da gestão de documentos.

Qual a história da junção dessas duas atividades, de cartunista e arquivista?
Pode-se dizer que o marco de criação do personagem foi o esboço que fiz e que também está no livro “As Aventuras de Organizado, o arquivista”, editado pela Martins Livreiro e lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em novembro de 2015.
Organizado dialoga com seus interlocutores do dia a dia de trabalho, administradores, historiadores, bibliotecários, profissionais de T.I., etc., exemplificando situações corriqueiras e expondo conceitos, mudanças e também os dilemas profissionais relativos à área.
Acompanhando as notícias do universo da gestão documental, surge constantemente a inspiração para criar uma tira. A partir do rascunho do texto, defino o layout da tirinha e a ideia inicial vai se materializando, desde 2014 até hoje. Utilizando a ferramenta e os recursos gráficos do portal toondoo.com, a tira é concluída e está pronta para ser publicada.
Já são mais de duzentas tiras concebidas, várias delas inéditas. Atualmente, são publicadas semanalmente na página “Arquivologia UFRGS”, no Facebook.

Nas tirinhas você traz discussões do universo dos arquivistas em uma linguagem direta e acessível. A popularização desses temas é um desafio?
Sim. Como todo processo de comunicação, muitas vezes surgem ruídos que dificultam o claro entendimento da mensagem.
Como se não bastasse essa complexidade natural, em se tratando de temas que dizem respeito geralmente às atividades-meio da instituição e à burocracia, a atratividade é baixa às pessoas de fora da Ciência da Informação.
Via de regra, estruturação de arquivo e gestão de documentos não costumam fazer parte da lista de prioridades quando uma empresa é aberta, por exemplo. Assim, o arquivista é chamado quando a situação de caos já está estabelecida. Porém, se não houver investimento na popularização do marketing do bacharel em arquivologia, jamais ele será lembrado (e consequentemente, contratado) pelas empresas. Seguindo esse raciocínio, as tiras auxiliam na disseminação do reconhecimento do profissional, atingindo, pela lúdica metodologia apresentada, um público muito mais amplo do que o tradicional.

Como os profissionais de arquivologia estão recebendo a chegada da “era digital”?
O termo arquivista faz com que as pessoas associem o trabalho dele ao ambiente restrito ao setor de arquivo. Porém, o bacharel em arquivologia está habilitado para atuar em todas as etapas da gestão de documentos e do ciclo documental, desde a produção até os procedimentos de conservação da documentação de guarda permanente ou eliminação dos demais documentos que já tenham cumprido seu período de temporalidade.
É fácil constatar que o volume de informação arquivística, que já havia crescido de forma substancial pós II Guerra Mundial, seguiu aumentando, agora exponencialmente desde os anos 1990. Desse modo, se os arquivistas já eram fundamentais no planejamento e condução dos processos da gestão documental nas instituições, hoje são ainda mais imprescindíveis.
Os desafios são imensos, bem como as adequações às novas tecnologias e ferramentas que surgem em profusão. Esses desafios são de todos, desde as faculdades até a atualização dos profissionais que atuam no mercado. De fato, o que se vislumbra é um crescimento na necessidade da contribuição do trabalho dos bacharéis, proporcional ao aumento da documentação arquivística produzida e recebida pelas instituições.
Seja na era analógica, digital e demais que surgirão, sempre haverá essa necessidade da atuação do profissional para organizar as informações e zelar pela preservação dos documentos de valor histórico.
DEIZE MARA SCHWELM VIDAL
Postado em 17:32h, 06 novembroExcelente reportagem. O problema da não visibilidade é recorrente em outras profissões também.
Fernanda Vidal Peixoto
Postado em 00:29h, 02 novembroMuito boa a reportagem, em especial pela escolha do entrevistado! Parabéns!