
27 set Presença canadense no Preserva.ME 2018
O passado não é mais como antigamente. As fotos em preto e branco, sempre presentes quando se fala do tempo que passou, não mostram o mundo de cores, formas e cheiros que envolviam os personagens e paisagens retratados. Esse fato é ainda mais verdadeiro quando se fala de eletricidade e é um desafio levar essa maneira de ver o antigo para quem vive hoje, num mundo onde a eletricidade é onipresente. As maneiras com os museus do Canadá estão a vencê-lo é o tema da palestra de Anna Adamek, curadora na Ingenium – corporação que reúne três museus canadenses: Museu de Aviação e Espaço, Museu de Agricultura e Comida e o Museu de Ciência e Tecnologia – no Preserva.ME 2018.
Na entrevista abaixo, a especialista em história da energia fala um pouco sobre a carga social dos artefatos históricos ligados à eletricidade.
Qual a importância da preservação histórica para a sociedade? E como a preservação da história da eletricidade se insere nesse processo?
Essa resposta tem duas partes. Primeiro, o passado não era o mundo bidimensional em preto e branco mostrado nas fotos históricas. Estava cheio de cores, formas, texturas e aromas. São os artefatos que preservamos que nos permitem experimentar melhor esse passado.
Além disso, hoje estamos focados demais no presente. Na Ingenium, percebemos que o público em geral não entende de onde vêm os eletrodomésticos que usamos em nosso dia a dia e as questões socioeconômicas e culturais que são contidas neles. Por exemplo, muitos dos primeiros aparelhos elétricos foram criados para consumir a nova forma de energia, a eletricidade. As empresas de energia precisavam vendê-la e, para isso, criar mercado para esse novo produto. Na verdade, os aparelhos, como torradeiras, ferros e ventiladores, eram chamados de “construtores de carga”. Hoje, nos esforçamos para economizar energia, procurando aparelhos energeticamente eficientes, mas muitos deles foram inicialmente projetados para fazer o oposto. O sistema elétrico que usamos hoje é resultado de processos complicados e fascinantes de invenções e inovações tecnológicas, influenciadas pela natureza, meio ambiente, política, economia e por fatores culturais que os historiadores da tecnologia podem trazer à vida.
Em sua experiência como curadora de coleções ligadas ao setor elétrico, o que mais chama a sua atenção?
Sou fascinada pela beleza dos primeiros artefatos elétricos: as lâmpadas em forma de velas para deixar os usuários confortáveis com essa tecnologia completamente nova, os belos painéis de controle feitos de mármore e carvalho e as máquinas de costura ornamentadas com rolos dourados. Todos eles transmitem a maravilha que a eletricidade foi quando começamos a aprender a controlá-la e usá-la para impulsionar nossas vidas.
Também acho o processo de inovação muito interessante. Buscamos constantemente novas maneiras de aproveitar a energia, enquanto diminuímos o impacto ambiental. Desde a melhoria do projeto de turbinas eólicas e o aprendizado de como gerar energia das correntes oceânicas, até o desenvolvimento de novas soluções de armazenamento de energia e aparelhos mais eficientes.
Qual a importância de eventos para compartilhar práticas e experiências de preservação de memória, como o Preserva.ME 2018?
A preservação e o estudo de sistemas energéticos não é uma tarefa fácil. Os artefatos são grandes, pesados e geralmente caros. Os assuntos são complicados para o público em geral. Por isso, precisamos compartilhar as melhores práticas, desafios, oportunidades e técnicas desenvolvidas em nosso trabalho para melhor educar o público sobre as questões relacionadas à energia.
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