Dia do Historiador: entrevista com Paulo Brandi

Dia do Historiador: entrevista com Paulo Brandi

Sempre vistos com uma profissão ligada ao meio acadêmico, os historiadores não estão mais restritos às salas de aula. Agora, integram equipes multidisciplinares em ambientes corporativos, investigando e organizando a trajetória de empresas e construindo narrativas do campo da memória empresarial.

O historiador da Memória da Eletricidade, Paulo Brandi de Barros Cachapuz, responsável por resgatar e organizar a história de algumas das mais importantes empresas do setor elétrico brasileiro, falou um pouco sobre as percepções e desafios da profissão.

Qual é a importância do historiador no “mundo corporativo”?

Em minha opinião, essa importância tende a crescer em razão do interesse cada vez maior das instituições e do público em geral pela história e pelas diferentes formas de resgate do passado. Empresas, associações e comunidades se mostram preocupadas com suas “memórias” e, frequentemente, historiadores são contratados para produção de livros de história empresarial ou exposições comemorativas. No Brasil, há um elevado número de profissionais especializados atuando na construção da memória empresarial, tais como historiadores, museólogos, arquivistas e comunicólogos.

Qual o trabalho e os desafios da profissão?

O historiador deve operar com procedimentos científicos, fazer a crítica das fontes e buscar evidências diversificadas. Todo historiador que se preza alimenta essa crença: dominar a crítica do documento para assim poder montar o seu quadro do passado. Ele deve desconfiar das suas fontes e inquiri-las em busca da verdade, uma meta evidentemente inalcançável, mas que ainda assim permanece sendo o objetivo principal. O rigor metodológico de análise das fontes é um diferencial da profissão. Além da objetividade, o historiador deve interpretar os fatos e levar ao público um conhecimento crítico e reflexivo.

O que torna um fato histórico, e ao mesmo tempo relevante, para a história ou para uma instituição?

O historiador britânico Edward Carr, em sua obra “O que é História?” ilustrava esta questão com um exemplo bastante significativo. Atravessar um riacho poderá ser considerado um fato histórico? Dizia Carr que é o historiador quem decide por suas próprias razões que o fato de César atravessar aquele pequeno riacho, o Rubicão, é um fato da história, ao passo que a travessia do Rubicão por milhões de outras pessoas antes ou desde então não interessa a ninguém em absoluto.

Como as empresas podem usar a memória empresarial para reforçar e fortalecer a identidade e a marca de suas instituições?

É sabido que a memória empresarial pode aproximar a empresa de funcionários, colaboradores e parceiros, bem como fortalecer a marca e a identidade da empresa no mercado. Além disso, a memória empresarial é uma grande ferramenta para as estratégias de comunicação, branding e narrativas de marca.  

2 Comentários
  • mario santos
    Postado em 11:19h, 05 setembro Responder

    Excelente entrevista de um excelente Historiador e mais ainda Ser Humano

    • Fabiane Fernandes
      Postado em 14:58h, 09 setembro Responder

      Olá Mario Santos,
      Concordamos com você!

      Ressalto ainda, que temos um excelente grupo de profissionais, o que muito nos motiva e nos faz crescer.
      Obrigado pelo comentário, e continue nos acompanhando por aqui e em nossas redes sociais.
      😀

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