
10 abr Antonio Dias Leite morre aos 97 anos
A Memória da Eletricidade lamenta a morte do ex-ministro Minas e Energia Antonio Dias Leite, falecido quinta-feira, dia 5, aos 97 anos. Conselheiro da Memória, Dias Leite foi ministro de 1969 a 1974, tendo papel central nas negociações que tiveram como resultado o Tratado de Itaipu. Defensor da presença do Estado em setores estratégicos para o país – como o elétrico, petrolífero, o nuclear, o de transportes e o siderúrgico -, Antônio Dias Leite (foto) foi também presidente da Companhia Vale do Rio Doce (1967/1969) e chefe da equipe de Renda Nacional da Fundação Getúlio Vargas — grupo encarregado da elaboração das primeiras estimativas sobre a renda nacional realizada no país — da qual participaria até 1949.
Nascido no Rio de Janeiro, em 29 de janeiro de 1920, Dias Leite formou-se em 1941 pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, posteriormente UFRJ, doutorou-se em 1952 em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da mesma universidade, tornando-se no mesmo ano professor catedrático de Economia desta faculdade. A par das atividades docentes, foi diretor e vice-presidente da empresa Economia e Engenharia Industrial Consultores (Ecotec).
Em 1963, iniciou carreira na administração pública como secretário de política econômica do ministro da Fazenda San Tiago Dantas. Em março de 1967, foi nomeado presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), cargo que ocupou até janeiro de 1969, quando assumiu o ministério das Minas e Energia.
Durante sua gestão no MME, desempenhou papel fundamental nas negociações com o governo paraguaio para a realização do aproveitamento hidrelétrico de Itaipu, no rio Paraná. Foi um dos artífices do tratado que estabeleceu as bases para construção e operação da hidrelétrica e a criação da Itaipu Binacional em maio de 1974. Foi também responsável pelo processo de tomada de decisão da construção da usina de Tucuruí, no rio Tocantins, e de criação das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), constituída em junho de 1973 como empresa subsidiária da Eletrobras. A história do rio Tocantins foi retratada pela Memória da Eletricidade no livro “O rio Tocantins no olhar dos viajantes: paisagem, território, energia elétrica”, de 2013. Dias Leite deixou o MME em março de 1974, retornando à atividade docente na UFRJ.
Conselheiro da Memória da Eletricidade desde julho de 2000, Dias Leite – autor de 18 livros, entre os quais, “A Energia do Brasil”, que conquistou o prêmio Jabuti em 2007 – concedeu três depoimentos para o programa de história oral da entidade. Duas entrevistas abordaram a história do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), criado em 1974 por sua iniciativa. A terceira tratou de sua participação nas negociações do Tratado de Itaipu. Seus depoimentos estão disponíveis para consulta na Memória da Eletricidade. Os livros História do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), publicado em 1990, Energia elétrica e integração na América do Sul (2004) e Cepel, a tecnologia nacional vencendo os desafios da energia elétrica (2009), publicados pela Memória da Eletricidade, apresentam trechos e versões editadas de suas entrevistas.
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