
29 ago Preserva.ME 2019: entrevista com Millard Schisler
Millard Schisler é mestre em Artes Visuais pelo Visual Studies Workshop (EUA) e professor de conservação de coleções fotográficas no mestrado em Museologia da Johns Hopkins University. Em seu painel no Preserva.ME 2019, no dia 25 de setembro, abordará as diferenças entre a preservação de fotografias digitais e analógicas.
Confira a programação completa do evento
Quais as principais diferenças na preservação de fotografias digitais e aquelas de papel e filme flexível?
As fotografias em papel e filme flexível precisam dos cuidados que utilizamos para a guarda de objetos – processados, embalados e acondicionados em ambientes ideais para a guarda de objetos, com controles de temperatura, umidade relativa e filtragem do ar, proteção contra danos naturais e não naturais. Se realizamos todas estas etapas, estes objetos poderão ser preservados por muitas décadas e séculos sem grandes deteriorações. E, durante este período, será possível acessar estes objetos sem o uso de qualquer aparato de visualização.
As fotografias digitais têm uma materialidade muito diferente. São unidades de informação, bits, 0s e 1s, armazenados em dispositivos (objetos) presentes localmente ou distantes que necessitam de uma série de elementos para que possam ser codificados em uma imagem – softwares para interpretar estes dados, sistemas operacionais onde o software irá residir, sistemas de armazenamento e formas de conexão com estes sistemas e redes de comunicação e transferência desta informação. Tudo isto em constante evolução. Tudo que usamos hoje será obsoleto em uma ou duas décadas. Agora estamos guardando informação e não mais somente objetos.
Quais são os principais desafios e oportunidades na preservação dessas duas categorias?
Os desafios são diversos, mas podemos pensar principalmente em recursos humanos e materiais. Precisamos de pessoas qualificadas para lidar com estas novas questões, que estão em constante mudança, e isto necessita de treinamento, investimento, educação e formação contínua. Precisamos de dinheiro. Em 2008, David Giaretta falou durante um treinamento: “preservação digital é algo muito fácil de se fazer… desde que possamos ter muito dinheiro para sempre”. Importante perceber que o investimento tem que ser contínuo. Por isso, inúmeros estudos desta última década apontam que os custos para o armazenamento da informação são muitas vezes superiores aos custos para o armazenamento de objetos (fotografias, livros, documentos em papel…).
O que o público do Preserva.ME 2019 pode esperar encontrar na sua palestra “Photo Finished: A preservação, ou não, de fotografias digitais”?
Quero falar da fotografia digital e como poderão ser as nossas abordagens no intuito de preservar um pequeno pedaço da produção contemporânea. Os desafios são grandes, e proporcionais ao volume de produção de imagens da nossa cultura. Apontarei algumas propostas de ação na minha fala.
PRESERVA.ME 2019
>> 25 e 26 de setembro
>> Museu de Arte do Rio – MAR
O Preserva.ME é um evento promovido pela Memória da Eletricidade com o objetivo de estimular a troca de informações e experiências entre profissionais de diferentes áreas, como história, arquivologia, biblioteconomia, museologia e ciência da informação. Em sua 5ª edição, que acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro, no Museu de Arte do Rio, reunirá, sob o tema “Preservação de Acervos na Era Digital”, especialistas nacionais e internacionais para debater as oportunidades e desafios da preservação histórica em um mundo cada vez mais digital.
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